sábado, 13 de dezembro de 2008

12 de dezembro de 2008 - sábado

Hoje à noite, fui procurar na net, a notícia do jornal de São Paulo que falava de um piano em Camboriú, que meu tio Rainaldo leu. E não é que encontrei? É mesmo o meu piano! Virei notícia da Folha de São Paulo, um jornal que sempre admirei! Pena que em circunstâncias tão adversas! A Janete e a Daniele, citadas na reportagem, são minhas vizinhas, cujos filhos faziam parte do nosso pequeno grupo, feito especialmente para as crianças.


Veja o que foi publicado:

Após enchentes, cidades viram "lixão a céu aberto"
Autor(es): VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
Folha de S. Paulo - 30/11/2008

Prefeituras de SC não sabem o que fazer com entulhos acumulados nas ruas

Em Itajaí, por exemplo, 30 caminhões já recolhem o lixo da cidade; previsão é que mais 70 reforcem a coleta até a próxima semana

Depois da enxurrada que afogou Santa Catarina, cidades como Itajaí e Camboriú vêem agora os entulhos amontoados nas ruas, e as prefeituras não sabem o que fazer com tudo aquilo -nem para onde levar. Mobiliário, colchões, roupas e utensílios domésticos cobertos de lama se acumulam em frente a muitas casas dos bairros mais atingidos pelas águas. Daquilo nada mais pode ser aproveitado. As cidades são um lixão a céu aberto. Em oficinas mecânicas e borracharias, o que se vê são filas de carros enlameados com donos tentando recuperar a carcaça e o motor. Segundo a Prefeitura de Itajaí, 30 caminhões já recolhem o lixo da cidade. A previsão é a de que mais 70 reforcem a coleta até a próxima semana. A prioridade são escolas, que serviram de abrigos, e hospitais. Num condomínio de classe média baixa da Baixada, o bairro mais atingido de Camboriú, até um piano, ou o que restou dele, foi jogado fora. Foram necessários quatro homens para carregar a cauda. No varal de uma casa que teve o muro derrubado pela força das águas, bonecas foram colocadas para secar como lençóis. Ali a água subiu tanto que cobriu as janelas. A moradora e os três filhos, dois deles crianças, foram resgatados pelo telhado por bombeiros no domingo. "Em cinco minutos a água chegou ao teto. Subimos de escada até o forro e ficamos esperando o salvamento. Levou meia hora para sairmos dali. As paredes ainda têm as marcas das batidas do barco", mostra Janete Buse, 43. De lá, foi levada para a prefeitura. Recebeu roupas secas, café e bolacha e seguiu para um abrigo, onde ficou até a quarta-feira passada. A vizinha Daniele Chiesa, 32, diz já ter contratado um pedreiro para fazer pequenas reformas na casa. "Os móveis vão ser todos de tijolo: cama, sofá, prateleiras. Não quero mais nada de madeira", afirma.

Leia a notícia completa aqui

11 de dezembro de 2008 - quinta-feira

Minha sogra e a sua irmã estão indo embora; mas a ajuda delas foi valiosíssima! Não sei o que teria acontecido conosco se elas não viessem ajudar. Nosso MUITO OBRIGADA a elas! Nosso quarto está bem mais arrumado, mas sem móveis fica difícil colocar as coisas no lugar. Talvez cheguem na segunda-feira. Então, poderemos arrumar melhor as coisas!

10 de dezembro de 2008 - quarta-feira

A casa já tem um outro perfil. Mas a falta de móveis e os livros espalhados pela sala e quartos deixam tudo muito complicado. Mas é a única forma de secá-los. Temos que ter paciência.

09 de dezembro de 2008 - terça-feira

Continuam a limpeza na casa, lavando e passando as roupas, e tentando secar os livros. Alguns continuam muito molhados, e já apresentam muito mofo. Mas vou continuar tentando recuperar.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

08 de dezembro de 2008 - segunda-feira

Fui trabalhar enquanto minha sogra e a tia do meu marido continuam lavando e passando as roupas, e lavando as outras coisas que têm lama. Como não fez sol, não pude colocar os livros no quintal; eles ficaram na sala.

Resumo do Desastre (atualizado às 11:15 do dia 08/12/08)
Registro de 32.946 desalojados e desabrigados, sendo 5.710 desabrigados e 27.236 desalojados. São 122 ÓBITOS e 29 desaparecidos confirmados (A Delegacia Geral de Polícia Civil enviará boletins para Defesa Civil, informando os números de desaparecidos).
Fotos e notícias gerais no site do Governo de SC: webimprensa.sc.gov.br.

Fonte: www.desastre.sc.gov.br

Recebi de uma grande amiga, a Sueli, o texto abaixo, que ao lê-lo, se lembrou de mim:
"Os ventos que, às vezes,
tiram algo que amamos

São os mesmos que nos
trazem algo que
aprendemos a amar

Por isso, não devemos
chorar pelo que nos foi
tirado

E sim, aprender a amar o
que nos foi dado

Pois tudo aquilo que é
realmente nosso

Nunca se vai para sempre."
Fernando Pessoa

Eu vejo as coisas da seguinte forma:
Deus é o dono de tudo, e eu, sou apenas uma administradora, um mordomo. Mas Deus é o patrão. Se Ele resolveu que vai jogar essas coisas fora, para que eu administre outras, porque vou ficar chorando o que Ele jogou fora? Preciso me preparar para administrar as novas coisas que Deus vai colocar nas minhas mãos; sejam elas melhores ou não.

E começamos por um triliche que ganhamos da Rádio Menina. Agora, temos onde colocar os colchões. Mas, para isso, tivemos que trazer todos os móveis que estavam lá; guarda-roupa, cômoda, criado-mudo, um outro beliche. Dividimos os mesmos com nossos vizinhos que também perderam tudo. Eles vieram buscar correndo, e ficaram muito felizes!

07 de dezembro de 2008 - domingo

Começamos a secar os livros ao sol.

06 de dezembro de 2008 - sábado

Fomos à igreja, e ouvimos testemunhos maravilhosos sobre solidariedade, carinho e amor, mostrando a mão de Deus guiando todos nós.

Tivemos uma comissão extrordinária para informar-nos de que 100 jovens virão do UNASP, capus Hortolândia, no sábado, dia 20/12 para realizar um projeto denominado "Juntos somos fortes", que consiste em distribuir cestas básicas na parte da manhã, e cestas de natal na parte da tarde. Excelente inciativa! Estaremos lá para apoiar e ajudar neste projeto.

À tarde voltamos à igreja para ajudar a separar roupas e entregá-las junto com água e cesta básica. Fomos a um bairro, Cidade Nova, nas casas que estavam na beira do rio. Que desolação! Quanta miséria! Minha sogra chorou ao ver a situação. O entulho era tanto que em determinadas ruas, o carro não passava. As casas estavam vazias e mofando, pois eram feitas de madeira. Outras estavam interditadas pela Defesa Civil. Mulheres grávidas se acercaram do carro, dizendo que precisavam de roupas, alimentos e água, e mostravam como tinha ficado a casa, até onde a água tinha chegado. Minha sogra disse que não tinha idéia da verdadeira situação das pessoas. E penso que o Brasil também não tem idéia. Só quem está aqui, ou veio nos visitar é capaz de entender o que passamos.

A cidade de Itajaí está triste; não existe enfeite de natal em lugar algum. Sentimos o cheiro do desespero em cada esquina.

Mas louvado seja Deus, pelos anjos humanos que Ele tem enviado para minorar a dor deste povo tão sofrido! E cabe a nós, mesmo atingidos pela catástrofe, levar esperança para eles. Pois cremos em um Deus que está no controle de tudo, e não permitirá que caia um só fio de cabelo sem o seu consentimento. Temos certeza, agora, mais do que nunca, de que Ele está à frente de tudo, e não deseja nos ver sofrer! As catástrofes, o sofrimento não é plano de Deus; mas nos mostra que o fim está muito mais próximo do que imaginamos.